TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER

Por 30.12.16 , ,


     Meu amigo do coração Luiz França Júnior

Meu amigo Júnior
foi convidado por mim para fazer uma resenha de um livro que ele amou ler este ano. Aqui está. Leiam e leiam e leiam e leiam...

Toda luz que não podemos ver
Autor: Anthony Doerr

Livros que usam a Segunda Guerra Mundial como contexto histórico não são novidade, temos grandes exemplos atuais. O que torna “Toda luz que não podemos ver” obrigatório em meio a tantos?

A trama se divide entre dois personagens principais: Marie-Laure e Werner. A garota é francesa, e aos seis anos fica cega. Seu pai é o chaveiro responsável por centenas de fechaduras do Museu de História Natural de Paris, e se esforça para que a filha tenha a melhor vida possível; por isso, em certo momento cria uma maquete em miniatura do bairro onde vivem, a fim de que Marie-Laure possa memorizar os caminhos. As coisas começam a mudar a partir da invasão nazista à França, fazendo com que os dois fujam para o interior, levando consigo um valioso tesouro do museu.

Werner é um órfão que vive com sua irmã numa região de minas da Alemanha. Ele se fascina por um rádio que encontram certo dia. Com o passar do tempo, ele se torna especialista no manuseio e conserto desses aparelhos, o que o leva a despertar o interesse da Juventude Hitlerista. Seus serviços são empregados para descobrir a fonte de transmissão de rádio dos rebeldes franceses, fazendo-o chegar ao interior da França. Seu caminho cruza com o de Marie-Laure.

A partir disso, Anthony Doerr constrói um romance envolvente, mas nada do estilo “duas pessoas destinadas ao amor se encontram”. Não. Aqui o que importa é a motivação de cada um, até mesmo dos personagens secundários. Como uma menina cega consegue viver nos horrores da guerra? Para onde foi o pai capturado? Ele ainda vive? Como a resistência francesa pode ter esperança? Werner passa a enxergar cada vez mais o lado menos heroico do conflito, relembrando de sua irmã e das coisas simples em que acreditavam. O romance não é nada do que poderia se esperar.

Não nego que a trama é triste. Em determinado momento, os capítulos curtos são usados como um recurso valioso para que sintamos a tensão e o sofrimento de ambos os lados da guerra. Além disso, somos levados a refletir diversas vezes sobre nossas ações como seres humanos, nossos sonhos, a dor de se perder familiares, o que podemos enxergar que não está visível nesse mundo e nas pessoas. O que é essencial na convivência interpessoal? Quais sacrifícios temos que fazer para defender nossos ideais?
Até onde estamos dispostos a tentar?


Imagem: www.culturaproximaleitura.com


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