TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER
Meu amigo do coração Luiz França Júnior
Meu amigo Júnior |
foi convidado por mim para fazer uma resenha de um livro que ele amou ler este ano. Aqui está. Leiam e leiam e leiam e leiam...
Toda luz que não podemos ver
Autor: Anthony Doerr
Livros que usam a Segunda Guerra
Mundial como contexto histórico não são novidade, temos grandes exemplos
atuais. O que torna “Toda luz que não podemos ver” obrigatório em meio a
tantos?
A trama se divide entre dois
personagens principais: Marie-Laure e Werner. A garota é francesa, e aos seis
anos fica cega. Seu pai é o chaveiro responsável por centenas de fechaduras do
Museu de História Natural de Paris, e se esforça para que a filha tenha a
melhor vida possível; por isso, em certo momento cria uma maquete em miniatura
do bairro onde vivem, a fim de que Marie-Laure possa memorizar os caminhos. As
coisas começam a mudar a partir da invasão nazista à França, fazendo com que os
dois fujam para o interior, levando consigo um valioso tesouro do museu.
Werner é um órfão que vive com
sua irmã numa região de minas da Alemanha. Ele se fascina por um rádio que
encontram certo dia. Com o passar do tempo, ele se torna especialista no
manuseio e conserto desses aparelhos, o que o leva a despertar o interesse da
Juventude Hitlerista. Seus serviços são empregados para descobrir a fonte de
transmissão de rádio dos rebeldes franceses, fazendo-o chegar ao interior da
França. Seu caminho cruza com o de Marie-Laure.
A partir disso, Anthony Doerr
constrói um romance envolvente, mas nada do estilo “duas pessoas destinadas ao
amor se encontram”. Não. Aqui o que importa é a motivação de cada um, até mesmo
dos personagens secundários. Como uma menina cega consegue viver nos horrores da
guerra? Para onde foi o pai capturado? Ele ainda vive? Como a resistência
francesa pode ter esperança? Werner passa a enxergar cada vez mais o lado menos
heroico do conflito, relembrando de sua irmã e das coisas simples em que
acreditavam. O romance não é nada do que poderia se esperar.
Não nego que a trama é triste. Em
determinado momento, os capítulos curtos são usados como um recurso valioso
para que sintamos a tensão e o sofrimento de ambos os lados da guerra. Além
disso, somos levados a refletir diversas vezes sobre nossas ações como seres
humanos, nossos sonhos, a dor de se perder familiares, o que podemos enxergar
que não está visível nesse mundo e nas pessoas. O que é essencial na
convivência interpessoal? Quais sacrifícios temos que fazer para defender
nossos ideais?
Até onde estamos dispostos a
tentar?
Imagem: www.culturaproximaleitura.com
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